sexta-feira, 16 de julho de 2010

Óculos nem pensar, luvas nem vê-las...

Dia 16/07/10 aulas práticas (serralharia de bancada)
A manhã começou bem, com a malta cheia de vontade para aprender novas técnicas e novos ofícios (para quem nunca trabalhou na área).
O Sr. F. Lopes (formador), bem-disposto por mais um dia, este em especial, por ser sexta-feira, e já se avizinhava o fim-de-semana merecido.
Juntámo-nos a volta da bancada improvisada para receber as instruções do dia. Um trabalho simples e fácil. Fazermos uma abraçadeira para apertar um tubo. Correu lindamente e o pessoal estava animado em deixar a dita na maior das perfeições.
No segundo exercício (trabalho) a coisa ficou mais complicada, não pelo trabalho em si mas pelo facto de termos que abrir um chanfro de cinco milímetros a quarenta e cinco graus numa barra metálica (barra de aço 50x50x10 milímetros) à martelada e com ajuda de uns escopros, que se podiam contar pelos dedos de uma só mão e que deveriam servir a todos os formandos (vinte). Sei como é difícil gerir um bom armário de ferramentas, mas um armário com tanta escassez de ferramenta ultrapassa tudo o que é razoável, pois são turmas grandes e como tal, contava com melhores condições.
Com esforço e paciência, que nem o famoso Job, lá fomos nós fazendo a tarefa, o mesmo é dizer, fazer das tripas coração.
Mais grave. Num curso desta dimensão com aulas práticas de oficina, é surpreendente a falha que existe no material de segurança individual (E.P.I.) Equipamentos de Protecção Individual. Recordo que existe regulamentação diversa nesse sentido: Decreto-lei 441/91 de 14/11/91 – Lei-quadro da segurança, higiene e saúde nos locais de trabalho.
E isto porquê?
Lembro que estávamos a abrir um chanfro numa peça metálica com recurso ao escopro e martelo, tal fazia com que saltassem aparas metálicas em todas as direcções, com bastante velocidade, um perigo para quem estava a trabalhar como também para os demais colegas que partilhavam o mesmo espaço e a mesma bancada. O mesmo acontecia ao afiarmos a ferramenta na pedra de esmeril, sem óculos de protecção e com as limalhas a saltarem por tudo o que era sítio. Óculos nem pensar, luvas nem vê-las.
Vá-se lá saber o que é que o almoxarife quis dizer aquando da nossa ida ao depósito de material: … o vosso curso acaba e não vão ter esse material… Dou-lhe o benefício da dúvida.
Espero que as vinte e cinco horas do módulo UFCD 8 (Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho) não sejam em vão.
Apostar na qualidade dos nossos técnicos passa pela boa formação. A valorização e qualificação destes técnicos são também responsabilidade das organizações, neste caso do Centro (IEFP).

Alberto Silva

3 comentários:

  1. Alberto, vejo com agrado que está a apanhar o jeito, só para reforçar o que dissestes houve quem por falta de protecção no escopro acertasse na mão, paciência ossos do ofício. É à TUGA.

    ResponderEliminar
  2. Caricato, é pelo menos em momenento algum, ter recebido instruções de como executar quaisquer das tarefas pedidas.
    Também é certo que não pedi qualquer ajuda ao formador, ao qual não acuso de nada. Apenas, e só, ponho em causa o método usado para formar...
    Quanto à ausência de ferramenta adequada e em número suficiente para os formandos, já o meu amigo Alberto falou, e bem.

    ResponderEliminar
  3. Ó meus amigos..! Está visto que vocês não percebem nada disto.Só é de lamentar a falta de visão de quem prepara estes cursos.Nós estamos a ser preparados para obter emprego em Portugal, não no estrangeiro e como tal temos de saber desenrascar.Eu,exactamente por não haver escopros suficientes e o que havia, a maioria, estava romba, aprendi a afiar um escopro(gostei, muito interessante), com direito a temperar o aço e tudo.De seguida, tive de encavar um martelo para poder trabalhar(lá está a arte do desenrascanço de quem já trabalhou uns bons anos na construção, em Portugal).Quanto à apendizagem, já aprendi mais com o Fernando e com o Alberto do que com o formador, mas eles também sabem do ofício e o formador tem de se preocupar com as crianças que se magoam. No entanto, serrotes e escopros para cortar aço? Só na idade média.Era muito mais produtivo e pedagógico passar 25 horas a aprender a trabalhar com uma rectificadora(ferramenta tão útil quanto perigosa).Talvez assim houvesse óculos, pelo menos para alguns!. Sem graça nenhuma reparei que na turma do lado SOBRAVAM óculos e luvas.Houve desigualdade, não de género, mas de geração.

    ResponderEliminar