sexta-feira, 5 de março de 2010

LIBERDADE




     Nasci no ano de 1975, sou portanto de uma geração em que a liberdade era um dado adquirido, ou seja, segundo os nossos “pais” pouco tempo antes de nascermos não havia liberdade. Cheguei a perguntar a familiares e amigos, mais velhos, o que queriam dizer com aquela história de que “antigamente não havia a liberdade que há hoje”. Pois bem, foi-me sendo explicado que, antes da actual republica democrática existia um regime político que se insurgia das mais variadas maneiras, possíveis e imaginárias, contra quem não aprovasse as regras do estado ou pior ainda que tivesse ideias contrárias. Sim pensando bem, limitar o meu pensamento, não poder escolher livremente quem governa o meu país e ter recolher obrigatório, não é propriamente sinónimo de liberdade. Conclui então que era um sortudo, porque nunca tinha conhecido aquela realidade, nem sentido na pele a opressão de uma ditadura. Entretanto também ouvi outras versões da mesma história, descobri que havia pessoas que preferiam o regime antigo diziam que viviam melhor antes e havia mais segurança nas ruas. Quer dizer, parece que fomos do oito ao oitenta, ou seja, se antes podíamos ter problemas com a polícia apenas por usar em público as palavras, liberdade, comunismo ou mesmo vermelho, actualmente há polícias presos por ripostarem contra criminosos, há corrupção por todo lado e à vista de todos, existe portanto, um sentimento cada vez mais geral de que a justiça não funciona em Portugal. Liberdade a mais ou a menos é um assunto muito complicado, pois depende sempre do ponto de vista. José Julián Martí Pérez, jornalista, filósofo e poeta, quando lutava pela independência de Cuba em relação a Espanha, disse um dia, “ A liberdade custa muito caro e temos ou de nos resignarmos e viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço”. Neste caso julgo que o preço a pagar pela liberdade seja referente às vidas perdidas na luta contra o poder que a limita ou retira, mas porventura este filosofo nunca pensou que depois de conquistada, a liberdade para ser mantida tem sempre de ter algumas limitações, ou seja não podemos confundir liberdade com o, fazer tudo o que nos apetece. No que me diz respeito, eu tenho um conceito de liberdade que me foi ensinado não sei por quem, nem tão pouco sei quem é o autor original, mas que para mim resume tudo,”A minha liberdade acaba onde começa a dos outros”. E seguindo esta cartilha, julgo estar a contribuir para a liberdade dos outros usufruindo da minha com responsabilidade.

Pedro Pacheco

2 comentários:

  1. Uma visão de quem pensa que viveu sempre em liberdade. Que liberdade?
    Um abraço, amigo Pedro

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  2. Antes era a escuridão, depois fêz-se luz. Foi melhor do que continuar na escuridão. Viva o 25 de Abril e a Liberdade. Eu sentia-a!

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