segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eça de Queiroz




Em CLC 6 falámos de um personagem interessante no meu ponto de vista. Afonso da Maia.





Afonso da Maia era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e a pele corada. O cabelo era branco, curto e a barba branca e comprida. Como dizia Carlos: “lembrava um varão, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque”.  

É um homem requintado nos gostos. Quanto era jovem aderiu aos ideais do Liberalismo.

Apesar algumas mudanças na vida, Afonso não se esquecia Inglaterra principalmente quando a contrastava com a Lisboa “miguelista”.
A desilusão que sentia era falada entre amigos, mas as suas palavras, como que voavam até Queluz onde estava o Rei. Em consequência a polícia invadiu a sua casa em Benfica «a procurar papéis e armas escondidas». Afonso, com o filho nos braços e a mulher a tremer ao seu lado, viu toda a sua casa ser revistada sem nada encontrarem.
Poucas semanas depois partiu para Inglaterra com a esposa e filho.

A sua mãe morre de apoplexia e a sua tia Fanny foi para Richmond para completar a felicidade de Afonso.

Em Inglaterra, Afonso sentia que sua mulher não era feliz. E só se satisfazia à noite quando se refugiava no sótão com as criadas portuguesas para aí rezarem ave-marias, odiava tudo o que era inglês, protegendo o seu filho como se, de uma praga se tratassem. Para educar Pedro mandou vir de Lisboa o padre Vasques, que passou a ensinar-lhe as declinações latinas, sobretudo a cartilha, para desgosto de Afonso. 

Afonso decide voltar a Benfica, mas Maria Eduarda definhava lentamente. Afonso encontrava a cada momento pelos corredores outras figuras canónicas. Afonso num ateísmo rancoroso quereria as igrejas fechadas como os mosteiros, as imagens escavacadas a machado, uma matança de reverendos...

A esposa de Afonso morre, e Pedro sofre e passa os dias no cemitério para desgosto de Afonso que vê um filho fraco, como que a seguir os passos da mama.
... “Mas um dia, excessos e crises findaram. Pedro da Maia amava! Era um amor à Romeu”.

Foi um amor de Pedro que Afonso desaprovara devido às origens de Maria, por ser filha de um assassino. Mesmo assim Pedro foi contra seu Pai. Saiu de casa e casou as escondidas.
Desta relação nasceram dois filhos, um deles é Carlos da Maia.

Carlos passa a infância com o avô, em Santa Olávia, formando-se em Coimbra. Afonso regressa a Lisboa, ao Ramalhete, vinte e cinco anos desde a última vez que tinha estado em Lisboa, devido ao trabalho de Carlos ser em Lisboa.
Longe de ser velho borralheiro, Afonso naquela idade não tinha uma dor ou doença e atribuía isso aos seus banhos matinais nas águas frias, e fazia isso religiosamente como de uma oração se tratasse.
Afonso amava os seus livros, o aconchego da sua poltrona, como dizia, “era simplesmente um egoísta.”
Mas não era, parte de seu rendimento era para a caridade, amava os fracos e os pobres, as crianças em Santa Olávia corriam para Afonso, porque era carinhoso e paciente. “Tudo o que vive lhe merecia amor — e era dos que não pisam um formigueiro e se compadecem da sede de uma planta”.
Afonso, não era homem de sair à rua para conversar, era reservado, preferia um bom livro junto ao fogão que lhe lembrava Inglaterra, com o seu velho gato aos pés, com o nome de Bonifácio: depois, ao chegar à idade do amor e da caça, fora-lhe dado o apelido mais cavalheiresco de «D. Bonifácio de Calatrava»: agora, dorminhoco e obeso, entrara definitivamente no remanso das dignidades eclesiásticas, e era o «Reverendo Bonifácio»...
Assim posso concluir que Afonso tem ou tinha altos e firmes princípios morais. Que é ou era o símbolo do velho Portugal que contrastava com o novo Portugal. Tinha sonhos de um Portugal impossível por falta de homens capazes.

Emanuel Santos  

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